terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os Fins Justificam os Meios?

Data da publicação no blog de origem: 9 de outubro de 2009
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Nicolló Machiavelli (1469 - 1527)
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Secretário de Estado da República de Florença, atua como diplomata (Itália, Alemanha, França) e na reorganização do exército. Com o fim da república (1512), foi mandado ao exílio (1512 – 1520), período em que escreve ‘O Príncipe’, assim como a maior parte de sua obra, que constitui uma reviravolta da perspectiva clássica da filosofia política grega - que buscava, a partir das condições que se deve viver, a elaboração do melhor regime político possível. Maquiavel parte das condições em que efetivamente se vive para 'elaborar' sua teoria. Na verdade, Maquiavel não 'cria' nada novo. Apenas retrata as práticas políticas que observa.

É um observador atento de seu tempo (toda a Europa estava em crise política, e mesmo a igreja passava por sua reforma). Assim, vê como os governos se mantêm e são derrubados. Sua conclusão é até certo ponto cruel: o objetivo supremo do governo é manter-se perpetuamente no poder, não importando os meios para atingi-lo. Nesse realismo político, considerações sobre a moral, no sentido cristão, são desconsideradas, embora ele proponha certos valores morais, que considera meios eficazes para a manutenção do poder. Escreve que a bondade leva à ruína em um ambiente calcado na maldade, donde vêm o início da ciência política que, sem valorações, descreve de modo frio os mecanismos sombrios do poder. Contudo, devemos considerar que a Europa de seu tempo corresponde às suas análises. Afinal, com a ruptura do modo de produção feudal, a peste negra, o surgimento dos estados nacionais, todo o imaginário se transforma. A Itália - assim como a Alemanha, também fragmentada - sofre com as disputas das ‘repúblicas italianas’ entre si, assim como com os ataques dos estados centralizados, estes em busca da ampliação de seu próprio território.

A partir da separação do poder temporal e do sagrado, Maquiavel defende a separação entre política e religião. Propõe uma ‘moral outra’: o príncipe deve ser um homem de virtù, aquele que, conhecendo as circunstâncias, deve saber arrebatá-las a seu favor. Assim, se os fins são as ‘boas causas’, que importa os meios para alcançá-las?

Em todos seus conselhos ao ‘príncipe’, a arte de se manter no poder coincide com o ideal de bem governar: é preciso manter-se no poder para assegurar a coesão social, a unidade justa da vida coletiva, que é, sobretudo, permanecer ao lado do povo. Assim, afirma que: “a um príncipe pouco deve importar as conspirações, se é amado pelo povo; mas se este é seu inimigo e o odeia, deve temer a tudo e a todos.”. A chave provável de seu pensamento está na afirmação de que “... o objetivo do povo é mais honesto que o dos poderosos; estes querem oprimir, e, aquele, não ser oprimido”. Assim, faz a distinção entre o tirano (que governa em causa própria, mesmo sem o uso da força) e o bom governante (que governa pelo Estado, mesmo que para tanto se torne um ditador).

Os fins justicam os meios? Depende de qual é o Fim...
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